domingo, 7 de agosto de 2011

Literatura: Romantismo (1836-1881)

   No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas produções árcades, caracterizadas pela satírica política de Gonzaga e Silva Alvarenga, bem como as idéias de autonomia comuns naquela época. 
   Em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil fugindo de Napoleão Bonaparte, a cidade do Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à divulgação das novas influências européias; a então colônia brasileira caminhava no rumo da independência.
   Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade, características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. 
   De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte ; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação.    
   Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II
   É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo.
   O Romantismo na França: A revolução francesa, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade fazem surgir uma nova escola literária.
  • Revolução Industrial - O indivíduo cada vez mais precisa de especialização, e assim surgem as Universidades Brasileiras. O desenvolvimento da indústria acelera o crescimento do capitalismo no mundo provocando a ascensão da burguesia, a nova classe patrocinadora das artes.
  • Independência do Brasil (1822) - O que despertou a consciência nacional e gerou uma necessidade de se fazer uma propaganda positiva do país no mundo inteiro. Isso através da valorização dos elementos naturais brasileiros (Fauna e Flora) em detrimento de toda problemática econômico-social do Brasil Imperial.
  • Corte no Rio de Janeiro (1808) - Começo da imprensa no Brasil, com o surgimento dos jornais surgem os romances em folhetim que são exibidos diariamente em capítulos, sendo considerados os precursores das telenovelas.

            A Poesia Romântica

 

   No Brasil, a poesia romântica é marcada, num primeiro momento, pelo teor patriótico, de afirmação nacional, de compreensão do que era ser brasileiro, ou pela expressão do eu, isto é, pela expressão dos sentimentos mais íntimos, dos desejos mais pessoais, diferente do ideal de imitação da natureza presente na poesia árcade.
   Isto tudo seguido de uma revolução na linguagem poética, que passou a buscar uma proximidade com o cotidiano das pessoas, com a linguagem do dia-a-dia. No poema abaixo, "Invocação do Anjo da Poesia", Gonçalves de Magalhães diz que vai abandonar as convenções clássicas (cultura grega) em favor do sentimento pessoal e do sentimento patriótico.
   A poesia romântica surge em meio aos fervores independentistas da primeira metade do século XIX, tendo como marco inicial a obra de Gonçalves de Magalhães, "Suspiros poéticos e saudades".
   Apesar de servir como marco de início do romantismo no Brasil, a obra "Suspiros poéticos e saudades" não apresenta grande notoriedade ou importância no cenário artístico poético do romantismo brasileiro assim como as outras obras de Gonçalves de Magalhães. 
   De acordo com as características e vertentes assumidas por cada poeta romântico, a poesia romântica pode ser dividida em:

Primeira geração - Indianista ou Nacionalista = Influência direta da Independência do Brasil (1822) ;Nacionalismo, ufanismo ;Exaltação à natureza e à pátria; O Índio como grande herói nacional e Sentimentalismo

Segunda geração - Ultra Romantismo ou Mal do Século = Egocentrismo; Ultra-sentimentalismo - Há uma ênfase nos traços românticos.

   O sentimentalismo é ainda mais exagerado;Byronismo - Atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica;Spleen - Termo inglês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a melancolia diante da vida. E fuga da realidade, evasão - Através da morte, do sonho, da loucura, do vinho, etc.

Terceira geração – Condoreira 1888 = Abolição da Escravatura;1889 - Proclamação da República;influenciada pelos acontecimentos sociais, discursa sobre liberdade, questões sociais, o abolicionismo;uso de exclamações, exageros, apóstrofes; mulher presente, carnal;volta-se para o futuro, progresso;luta pela liberdade, temáticas sociais;ainda fala sobre o amor e o condor simboliza a liberdade, por isso geração condoreira.

   José de Alencar é considerado o patriarca da literatura brasileira. Inaugurou novos estilos românticos e consolidou o romantismo no Brasil desenhando o retrato cultural brasileiro de forma completa e abrangente. E devido a essa visão ampla do cenário brasileiro, sua obra iniciaria um período de transição entre Romantismo e Realismo. Suas narrativas apresentam um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher burguesa do século XIX, já que seus romances a tinha como público alvo.

Romances Urbanos - romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por personagens femininos, mostravam o luxo e a pompa das atividades sociais burguesas, no entanto apresentavam uma critica sutil aos hábitos hipócritas da burguesia e seu caráter capitalista. São exemplos de romances urbanos de José de Alencar: Senhora - Faz crítica ao casamento por interesse, à hipocrisia, à cobiça e à soberba burguesa; Lucíola - Critica o fato de a burguesia, que financia a prostituição durante a noite, ter aversão às mesmas durante o dia e Diva - Ressalta a beleza das jovens e ricas burguesas, o virtuosismo e a pureza e, em contrapartida, critica o

Romances Regionalistas

 
   Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura européia. Apesar de José de Alencar narrar seus romances regionalistas com uma incrível fluência e suavidade, as histórias narradas são superficiais devido ao fato de que o autor não viajara para as regiões que descreveu ou sequer pesquisara a fundo sobre elas. 
   Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil independente, no entanto acabam por idealizar os ambientes das tramas e limitam-se às proezas da imaginação de José de Alencar. São Exemplos de romances regionalistas de José de Alencar:O Gaúcho ,O Sertanejo e O Tronco do Ipê

              Romances Históricos e Indianistas

    Romances que revelam a preocupação de José de Alencar em exibir o índio como herói nacional. 
    Enquanto os autores românticos da europa retratavam o saudosismo através de menções à época medieval, no Brasil, Alencar procurou buscar na cultura indígena brasileira o passado fiel da história brasileira. 
    Seus romances trazem uma linguagem mais original, com vocábulos do tupi, retratam o índio como símbolo de bravura, de pureza e de amor ao ambiente natural.
   Pode-se dizer que seus narrativas tendiam ao estilo poético por entrelaçar o caráter básico da prosa com o lirismo do gênero poético. Em resumo, suas obras utilizam o indianismo como forma de revelar um conceito mais original de brasilidade e criar um projeto de língua brasileira. Dentre as obras mais importantes de José de Alencar nesse ramo do romantismo, estão: O Guarani ; Ubirajara ;As Minas de Prata e Iracema.

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